Ninguém está imune a entrar em um relacionamento tóxico, e se você nunca esteve em um, com certeza conhece alguém próximo que se envolveu em uma situação delicada e complexa em suas afetividades.
Uma forte característica da toxicidade de um relacionamento é a ramificação dos conflitos, permeando os aspectos emocionais, financeiros, psicológicos e sociais da pessoa. Ao percebermos que estamos em um relacionamento tóxico, ficamos sem saber como agir e, portanto, nos sentimos perdidos para lidar com a situação. Todos os sentimentos estão misturados e enraizados, o que nos faz sentir como a pior pessoa do mundo, fracos e estúpidos por termos nos "permitido" chegar a essa situação.
Sem o intuito de simplificar o tema, é necessário demonstrar que relacionamentos tóxicos são um problema real e complexo, exigindo maturidade, coragem e decisão para sair deles. No entanto, essas características não nos são inatas; amadurecemos emocionalmente através de aprendizados na vida, o que nos gera coragem para tomar decisões. É importante ressaltar que, quando não nos sentimos aptos para lidar com uma situação estressante sozinhos, pedir ajuda é fundamental, e esse pedido em si já é uma demonstração de um bom nível de maturidade e coragem.
Mas como é possível identificar que se está em um relacionamento tóxico?
Dentre tantas definições desse tipo de relacionamento, quero trazer um princípio da filosofia do Tantra para esse debate: a liberdade. Esse é o valor mais importante dentro do tantra para o exercício de uma vida plena. Se algo fere esse princípio, é necessário rever, ponderar e, às vezes, tirar do seu caminho.
Vale lembrar que liberdade não é fazer aquilo que se quer, mas sim fazer aquilo que se deseja consciente de suas consequências, ou seja, é ser capaz de sustentar e encarar suas escolhas e suas implicações. Portanto, liberdade é a competência de suportar os encadeamentos de SER o que se É.
Sendo assim, pare um momento e reflita o quanto dentro do seu relacionamento você consegue ser você mesmo sem medos de uma punição, mesmo que velada. Aqui caímos nas nossas próprias subjetividades, porque somente nós mesmos sabemos o que é sermos nós mesmos.
Como você se sente no seu atual relacionamento? Como um personagem criado e moldado para agradar o outro, ou como alguém que tem consciência de si e desfruta disso em um caminho de compreensão e aceitação?
Todo e qualquer relacionamento é tóxico quando você não tem mais identidade, quando você está aprisionado em um personagem que vive para satisfazer o outro em detrimento do seu próprio eu.
Em minha concepção, a melhor maneira de identificar se está ou não dentro de um relacionamento tóxico é respondendo à seguinte questão: o quanto eu sou livre para ser quem eu sou?
Se identificou que está dentro de um, o que fazer a partir dessa descoberta?
A resposta parece óbvia: sair dele. Mas será que queremos realmente sair?
Já parou para pensar que, às vezes, o prazer está em não sermos nós mesmos?
Sustentar o seu eu, ser quem realmente somos, É TRABALHOSO! E nem todos querem pagar o preço.
Será que, internamente, não somos, enquanto seres humanos, tóxicos buscando relacionamentos com outras pessoas que sejam compatíveis com nossas próprias toxicidades?
Não seríamos seres errantes, caminhantes no chão da vida, em busca de um equilíbrio entre o nosso desejo e o desejo do outro?
Não é porque estamos em um relacionamento tóxico que desejamos sair dele, porém, se optarmos por ficar, essa decisão deve ser consciente e sustentada por nosso verdadeiro Eu.
E, independente da escolha que se toma, sem autoconhecimento fica impossível saber o que realmente se deseja.
Para alcançar o autoconhecimento, sugiro que você conheça o trabalho que desenvolvemos no Instituto Ganesha, seja na sessão individual ou em grupo, em nosso retiro de meditação.
O único e real antídoto para relacionamentos tóxicos é o autoconhecimento!